Tex Jones Correia Lopes

Nickolas Silva Moraes

Tex Jones Correia Lopes, nasceu no ano de 1962, na cidade de Caruaru, Pernambuco — terra que deu origem a grandes nomes brasileiros como Paulo Freire, por se ver "muito próximo da sua metodologia de ensino" e Ariano Suassuna, que serviram de grande influência no decorrer de sua vida e carreira, além da literatura de cordel, sendo esse o seu primeiro contato com essa arte.

Por manter desde pequeno pensamentos revolucionários, comportamento rebelde diante da vida, espírito de liderança para com os colegas, liberdade que lhe permitia descobrir coisas novas e alimentar sua curiosidade, Tex Jones Correia Lopes já se via de "forma inconsciente" sendo o profissional que é hoje;

como se toda essa trajetória fosse determinada desde o princípio: com a Filosofia, que deu "fundamento para a sua rebeldia", fornecendo-lhe um norte em sua vida, guiando suas escolhas e permitindo-o, como ele mesmo diz, "alçar voo e se lançar no mundo".

Nascido próximo uma época de grande turbulência e opressão no país, por ter um pai comunista, que "vivia na clandestinidade" frente a ditadura que assolava o Brasil, Tex Jones Correia Lopes e sua família viveram perseguidos; declarando que

"a história da minha família é uma história em que nós fugimos de Pernambuco"

Tudo isso termina quando, aos 5 ou 6 anos de idade, sua avó o leva de volta para Pernambuco, onde foi criado de modo livre nas ruas com outras crianças;

"Eu gostava de desmontar e remontar os brinquedos, eu vivia muito livre; mas era uma liberdade com responsabilidade sabe? e isso foi muito bom pra poder entender como era agir livremente mas com responsabilidade"

diz Tex Jones Correia Lopes sobre essa parte sua vida até os 8 ou 9 anos, quando sua mãe o busca e o leva para Santos, cidade que vive até hoje.

Ao se estabelecer em Santos, Tex Jones Correia Lopes teve que enfrentar um "imenso choque cultural" e sofreu muito o preconceito natural que se tinha na época pelos nordestinos que migravam para o estado de São Paulo: fator que marcou muito sua vida quando, por exemplo, sua mãe o foi matricular na escola Sesi para dar continuidade aos estudos do filho, e o diretor da escola o fez refazer todos os anos de ensino que ele já havia feito.

"Ele simplesmente olhou o meu perfil, viu de onde eu vinha, e nem sequer aplicou uma prova, falou que eu tinha que repetir todos os anos e fim"

diz Tex Jones Correia Lopes sobre o diretor da escola. Este ponto em sua vida "Atrapalhou” como ele mesmo diz, "toda a minha vida".

"Aí eu comecei a agitar dentro do banco"

diz Tex Jones Correia. Começou a distribuir panfletos nos bancos, inclusive no próprio banco em que trabalhava. Em uma assembleia, Tex Jones Correia Lopes, junto do apoio da maioria, decidem realizar a greve

"Vamos parar São Vicente? Vamos. Eu parei São Vicente uns três dias. Fechamos tudo, todos os bancos particulares, nós fechamos tudo"

Com a greve veio a repressão,

"Em 86 ainda estava aqueles resquícios da ditadura militar. Os caras perseguiram mesmo os movimentos trabalhistas, ainda mais quem era muito ligado a Cut (Central Única dos trabalhadores) e ao PT (Partido dos Trabalhadores. Mas eu não tinha nada a ver com o PT, o meu negócio era o Sindicato mesmo, eu não tinha nada partidário"

comenta o professor.

Após sua demissão do banco, uma semana depois do movimento grevista que participou, Tex Jones Correia Lopes se via com uma grande questão a ser respondida,

"Como é que eu vou sobreviver?. Surge então uma oportunidade de sua mãe comprar um barzinho em frente ao Clube dos Ingleses."

Com o dinheiro guardado no Banco, Tex Jones Correia Lopes investe no bar e o reforma todo, e aí acabei indo trabalhar todo sábado e domingo a noite, vendendo bebida, cerveja, comida para o pessoal que frequentava o Clube dos Ingleses; e foi assim que eu terminei de pagar minha faculdade nos outros 2, 3 anos.

Comparado com uma bengala, que seria um apoio momentâneo, a filosofia teria um papel totalmente contrário em sua vida, tomando não apenas um lugar de apoio, mas também como uma estrutura permanente em seu cotidiano; o que proporcionou-lhe

"maturidade psicológica, maturidade intelectual, a possibilidade de se auto reconhecer, se enxergar nos próprios defeitos e lançar-se nas relações humanas mais seguro"

Como Tex Jones Correia Lopes diz a respeito de sua vida

"Não me arrependo de nada, se eu pudesse eu viveria tudo exatamente do mesmo jeito que vivi. Eu só tenho a agradecer mesmo, e a educação foi quem me proporcionou todas as coisas boas que eu venho colhendo até hoje."